quinta-feira, janeiro 13, 2011

Fernanda: além de atriz.

Dizer que Fernanda Torres é excelente atriz é chover no molhado, vem de berço, vem de sangue. Mas quando ela começou a escrever na Folha de S. Paulo confesso que torci o nariz e esperei um monte de obviedades, no mínimo. Errei. Tal  qual muitos leitores já expressaram no próprio jornal ela vem surpreendendo, seu artigo do último sábado (08/1) é um exemplo. Até a metade do texto ela é bem óbvia, faz uma síntese do crescimento econômico pelo qual passa o país, nada de surpreendente. De repente, transforma tudo isso em crítica à falta de cultura do povo. Em resumo questiona o porque de o crescimento econômico não vir acompanhado de crescimento intelectual, cultural... enfim, de educaçãol. Concliu com a pérola de que nos dias de hoje "erudição é crime". Do caralho! Vale a pena para quem tiver interesse.

terça-feira, janeiro 04, 2011

J.V.

Sentado no fundo da sala só dava ele. Cabelos pintados de louro, arrepiados e cheirando a glicerina. Correntão de prata no pescoço, adquirida sabe-se lá como... Camiseta, bermuda, boné, relógio... tudo de grife, comprados na 25 de Março, evidentemente. O figura chamava a atenção, um ser híbrido entre os "função" das antigas e os jogadores americanos de basquete. Sorriso largo e fácil, até que era um sujeito cativante, mas deixava estanpada na cara a intelectualidade limitada, sobretudo pelo celular a tira-colo exarando um funk lamentável. Sentei-me à mesa e perguntei: " - Qual o seu nome? Você aí, do fundão." Respondeu: "Jônata Viniciu". Óbvio.

Sem inspiração

Interessante o discurso de posse da nossa novíssima presidenta. A certa altura disse que "os professores são as verdadeiras autoridades da educação no país". A par de todos os que, juntos, formam a escola e a educação, colocou os mestres no foco da ação, papel preponderante que raras vezes foi tão notoriamente reconhecido. Esperemos agora a ação. Esperemos que a autoridade dos mestres seja sobretudo valorizada, em todos os sentidos.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Alívio


Acabou. Tirei das costas o fardo da opressão, este mal necessário que me sufoca, me consome, me anula. Finalmente a sensação de estar livre se apodera de mim, mesmo que por pouco tempo, porque sei, logo, tudo recomeça.
Mas enquanto isso gozarei o privilégio de um domingo só meu, até o próximo campeonato.

Íntima vingança


O carro era a vida do cidadão. Mantinha-o lavado, encerado, devidamente polido, lubrificado e guardado na garagem coberta, coberto por uma manta. Tamanho zelo despertava o ciúme dos filhos e, não raro, a ira da mulher.
A gota d’água veio com a chuva que o impediu de buscar a esposa no médico. Mulher é bicho vingativo: meteu gostoso com o amante em cima do capô num drive-in de quinta categoria. Deixou marcas de corpos e sêmen ofuscando o brilho da lataria. Mas ante de ir para casa mandou o carro ao lava-rápido. A vingança era íntima.

Mãe penitente


Durante muito tempo foi ao trabalho a pé. A economia do passe era a garantia do diploma do filho.
O menino se formou e os juros estão baixos, a faculdade se converteu num gorducho carnê de 60 prestações do primeiro carro (e zero!) da família. Mas continua indo a pé ao trabalho, afinal, pega mal o imprestável doutor andar de ônibus.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Saudação Inicial

" É o Tédio! - O olhar esquivo à mínima emoção,
Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado.
Tu o conheces, leitor, ao monstro delicado
- Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão."
                       Baudelaire,Charles."Ao Leitor"
                                                in: Flores do Mal